terça-feira, 19 de outubro de 2010

Acerca do Lince-ibérico


O lince-ibérico (Lynx pardinus):
• é o parente menor do lince-eurasiático;
• distingue-se dos outros linces pela cor do nariz (rosa-acastanhado) e pelo tamanho das barbas (maiores); tem pincéis nas orelhas e cauda curta;
• é acastanhado com riscas pretas, barbas negras e brancas e a cauda é curta com ponta negra; as orelhas são triangulares com pequenos tufos no topo;
• pode pesar até 12 quilos na vida selvagem e em cativeiro 15 quilos;
• come entre um a três coelhos por dia;
• tem o coelho-bravo como principal alimento - constitui 85% a 90% da sua alimentação, sem esta presa não pode sobreviver; a sua dieta é complementada com perdizes, pombos e codornizes e alguns pequenos ungulados;
• caça principalmente durante o nascer do dia e o crepúsculo;
• dorme dentro de troncos ocos, dentro de grutas pequenas, etc.;
• é maior quando se trata de um macho;
• acasala em média cerca de 50 vezes por ano;
• tem apenas uma época de cria por ano, sendo a sua reprodução sazonal (acontece no Inverno);
• tem, normalmente, entre 2 e 4 crias em cada ninhada.

O lince-ibérico é uma das espécies mais ameaçadas do planeta, a espécie de felídeo (ou felino) mais ameaçada do mundo e o carnívoro mais ameaçado da Europa. Em Portugal, a espécie vive numa situação de "pré-extinção".

A urbanização, a caça, os atropelamentos e sobretudo duas epidemias virais que atingiram os coelhos - a principal fonte de alimentação do lince-ibérico - provocaram a quebra dramática da população de linces na Península Ibérica.

Estima-se que existam cerca de 200 linces-ibéricos a viver em estado selvagem, a maioria em parques naturais no sul de Espanha.

A conservação do lince-ibérico em Portugal rege-se pelo Plano de Acção para a Conservação do Lince Ibérico em Portugal, de 2008 (até 2012), com o objectivo de viabilizar a conservação da espécie em território nacional, invertendo o processo de declínio que conduziu à situação de pré-extinção.
O Plano de Acção para a Conservação do Lince Ibérico aponta como áreas prioritárias de intervenção, para futura reintrodução do lince-ibérico in-situ em Portugal: Moura-Barrancos, Malcata, Nisa, São Mamede, Guadiana, Caldeirão, Monchique e Barrocal.

O Centro Nacional de Reprodução do Lince Ibérico (CNRLI) em Silves:
• foi construído entre Junho de 2008 e Maio de 2009, no âmbito do Plano de Acção para a Conservação do Lince-Ibérico em Portugal;
• é uma evolução dos centros de crias espanhóis, tendo beneficiado dos ensinamentos acumulados desde 2004;
• é o centro mais moderno da Península Ibérica;
• dispõe de áreas diferenciadas para cercados (com área de campeio, maneio e edifício-ninho), sala de cria e quarentenas, clínica/laboratório, cozinha, edifício de presas vivas e duas casas de apoio técnico;
• tem dois veterinários, cinco tratadores e uma administrativa (que é bióloga) como colaboradores efectivos;
• tem capacidade para acolher até 32 linces-ibéricos;
• possui 16 cercados, cada um deles com 5 câmaras de vídeo-vigilância, 3 pinheiros e 3 oliveiras;
• tem 96 câmaras de vídeo-vigilância fixas e móveis, que permitem uma monitorização 24/24 horas dos animais;
• acolheu, entre 26 de Outubro e 01 de Dezembro de 2009, 16 linces-ibéricos cedidos pelo governo espanhol, no âmbito de um protocolo assinado entre os dois países, em Julho de 2009.

Entre 26 de Outubro e 01 de Dezembro de 2009 vieram para Portugal, no âmbito do Plano de Acção para a Conservação do Lince Ibérico, 16 linces-ibéricos:
• 26.10.09: Azahar (ou Flor de Laranjeira em português)
• 30.10.09: Erica e Damán II
• 04.11.09: Espiga, Ébano, Era e Enebro
• 16.11.09: Fresco, Fresa e Fado
• 17.11.09: Drago, Foco, Fauno e Eucalipto
• 01.12.09: Éon e Calabacín

Dos linces-ibéricos que vieram para Portugal nas datas referidas, existem 4 casais:
• Azahar e Drago
• Espiga e Damán
• Calabacín e Era
• Erica e Enebro

A fêmea de lince-ibérico Azahar (ou 'Flor de Laranjeira' em português) foi a primeira a pisar solo português. A sua história começou em Janeiro de 2006 quando foi capturada na serra Morena, na Andaluzia. Estava, então, muito magra e tinha uma vértebra fracturada. Foi recuperada no Zoobotânico de Jerez de la Frontera onde ficou até ser escolhida para "inaugurar" o CNRL e ser o primeiro lince-ibérico do programa em Portugal.


Nasceram no dia 04 de Abril de 2010 no CNRLI (e, portanto, em cativeiro) duas crias (fêmeas) de lince-ibérico e um nado-morto de sexo indeterminado, todos filhos da fêmea Azahar e do macho Drago. Já morreram as duas crias que nasceram com vida.
• 1.ª (fêmea) - nasceu a 04 de Abril de 2010 e morreu a 11 de Abril de 2010
• 2.ª (fêmea) - nasceu a 04 de Abril de 2010 e morreu a 18 de Abril de 2010

Ambas terão morrido de forma aguda, num curto espaço de tempo. Não se registaram lesões que indiciassem maus tratos ou abandono por parte da mãe.

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