quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A serra hidráulica de Pereiras



O início da revolução industrial veio transfigurar radicalmente a paisagem rural, os modos e os hábitos das comunidades. As práticas de subsistência e comércio praticadas nas zonas rurais relacionavam-se com as actividades agricolas, com a exploração dos recursos naturais (como a água, asárvores e os animais). Encontram-se distribuidos por todo o concelho de Santo Tirso azenhas e moinhos, aproveitando a energia da água para a actividade magoeira, o apisoamento de tecidos e a serração de madeiras.



A serra de Pereiras é um dos últimos vestígios dos ancestrais engenhos de serração de madeiras do concelho de Santo Tirso, e o mais significativo, do grupo de engenhos existentes na freguesia de Monte Córdova. Devido à sua importância patrimonial a Câmara Municipal local iniciou no final da década de oitenta o seu processo de recuperação, tendo proposto a sua classificação como Imóvel de Interesse Público, o que veio a concretizar-se em 1991.

Construído provavelmente no final do século XIX, no lugar de Pereiras, este engenho é representativo de um modo de produção pré-industrial; sendo a sua principal função, a serração de madeiras e tendo na altura uma configuração diferente da actual. O edifício original era construído todo em madeira, sendo também mais pequeno e estreito, funcionando exclusivamente para a serração de madeiras.
Tratava-se portanto de um edifício (um pouco) primitivo que estava dividido em dois pisos e de planta rectangular. O piso térreo tinha sobrado em madeira encontrando-se instalado nesse espaço o engenho de serrar e a carreta, para a colocação dos toros de madeira. No piso inferior localizava-se a roda motriz, alimentada pelas águas do Leça, que vinham pela levada (canal de condução da água para a serra). Através do pejadouro, cubo de madeira que conduzia a água até à roda motriz, colocava-se a serra em movimento.

Mas durante a década de cinquenta do século XX, foram introduzidas alterações ao edifício. Este, por intermédio de José Ribeiro Carneiro, foi alargado, instalando-se uma grande roda para mover hidráulicamente duas mós instaladas numa habitação anexa ao edifício original, ficando agora com uma nova função para além da serração de madeiras -a da moagem. No entanto, a planta do edifício mantém o traçado rectangular, somente no piso térreo criou-se duas áreas distintas: a oficina de serrar (onde se encontra também a roda grande de ferro da moagem), e uma habitação contígua, destinada à moagem (onde se encontram instaladas as tais duas mós).
Infelizmente e à boa maneira portuguesa, investe-se e fazem-se melhoramentos, só que a sua actividade da moagem laborou poucos anos. Servindo esse espaço posteriormente como arrumação e habitação do serrador, até à desactivação da serra.
O engenho de Pereiras representa a memória de um passado, os vestígios de uma actividade económica e associado a histórias locais, permite-nos compreender melhor como a ligação do homem com a terra e a água estreitavam, a aliança entre o si e o meio em que habitava. E a sequente grande importância local do rio Leça.

Breve explicação do seu funcionamento

A serra era accionda pelas águas do rio Leça, as quais eram conduzidas por um canal, chamado levada e que as levava ao rodízio, mecanismo que coloca a roda hidráulica em funcionamento e dá energia motriz ao engenho de serrar.
No interior do edíficio, no piso inferior, funcionava o sistema motor, enquanto que no piso superior estava instalada a serra e uma pequena habitação onde se encontravam as mós, sendo ainda destinada a alojamento do serrador e arrecadação de materiais.

Informações:

Para visitar a Serra Hidráulica de Pereiras é necessário a marcação antecipada. Poderá proceder à marcação da visita através da Divisão do Património e Museus da Câmara Municipal de Santo Tirso, telefone 252 830 400 (extensão: 370).
As visitas guiadas estão limitadas a pequenos grupos.



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